POLÍCIA
Rowles e Borgato se reuniam em posto na avenida do CPA
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Alvos da operação “Descobrimento’ faziam videoconferências para discutir os carregamentos de drogas. A organização criminosa, que tinha no alto escalão o lobista Rowles Magalhães e o ex-secretário de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Nilton Borgatto, foi desarticulada pela Polícia Federal nesta terça-feira (19). As investigações apontam que encontros entre os principais líderes, Rowles e Borgatto, ocorriam em um posto de combustível na avenida Historiador Rubens de Mendonça, a avenida do CPA, no trecho com maior concentração de prédios comerciais. Além do tráfico internacional de droga, parte do grupo também fazia comércio de produtos da covid-19, como máscaras e testes.
Na organização, Borgatto era conhecido como “Índio” e tornou motivo de ameaça para Rowles depois de um carregamento que não deu certo. A investigação destaca um encontro do Rowles e Nilton em Cuiabá no dia 14 de janeiro de 2021, data próxima da chegada de uma aeronave no Brasil (27/01/2021) que veio buscar o entorpecente. Rowles manda mensagem ao Ricardo Agostinho dizendo que vai se encontrar com o Índio, informando que o encontro será no posto ao lado de um hotel.
Rowles era amigo de Borgatto, mas após o golpe decorrente do pagamento do voo para transportar drogas, os dois acabaram brigando. “O primeiro fato que chama atenção desse encontro é que o Rowles estava preocupado com a sua segurança, uma vez que após informar o local do encontro afirma: ‘Se eu não falar c vc já sabe onde procurar kkk’ (sic)”, cita trecho da decisão judicial que decretou a prisão dos acusados.
No pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Federal contra Borgatto, a autoridade policial enfatizou a necessidade para a garantia da ordem pública, já que restou apurado, pelo menos 6 remessas internacionais de cocaína, entre junho de 2020 e fevereiro de 2021 para a Europa.
Durante a prisão de Nilton, foram encontrados 12 sacos com zip lock com pedras de diamantes embaixo da cama dele. O valor total dos diamantes não foi divulgado. A origem das pedras encontradas no apartamento do ex-secretário serão investigadas pela Polícia Federal. Serão apurados os patrimônios dos alvos da operação. A investigação demonstra que os envolvidos adquiriam imóveis para lavar o dinheiro ilícito do tráfico de drogas.
‘Paixão Ilimited’
Já Rowles utilizava do relacionamento amoroso com a doleira Nelma Kodama, suspeita de atuar para o narcotráfico e condenada na operação Lava Jato, para beneficiar o esquema. O nome de Nelma estava salvo na agenda de Rowles como “Paixão Ilimited” da tradução, ilimitada. O lobista também utilizava a namorada, Joelma Girotto, como laranja da organização. Num laço de amizades de Rowles, aparece como investigado de participar do tráfico internacional de drogas um médico cuiabano. A residência do profissional foi alvo de buscas da PF. Ele seria sócio do advogado e ex-assessor especial da vice-governadoria do Estado, durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa.
Descobrimento
A operação é do estado da Bahia. No Brasil e em Portugal foram expedidos 46 mandados de busca e apreensão e 9 mandados de prisão preventiva, sendo 3 em Portugal, destes 7 foram cumpridos. Os alvos, além de Portugal, eram da Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia e Pernambuco. (Ver quadro)
Ao todo, 7 pessoas foram presas preventivamente. Elas vão responder por tráfico internacional de drogas, organização criminosa e evasão de divisa. A investigação durou um ano até chegar numa rede envolvida na remessa de cocaína para a Europa. O grupo era composto por fornecedores, responsáveis pelo voo e parte das pessoas que recebia a droga em Portugal.
A operação tem como base a apreensão de 595 kg de cocaína encontradas dentro da fuselagem de uma aeronave em fevereiro de 2021, dentro do Aeroporto Internacional de Salvador. O jato Dassault Falcon 900, de uma empresa portuguesa de táxi aéreo, apresentou falha e, durante a inspeção, agentes encontraram a droga. A partir das investigações, a polícia conseguiu identificar toda a estrutura criminosa atuante nos dois países.
Organograma da organização criminosa
1º escalão – os principais responsáveis
Nilton Borgatto
Ex-secretário de Mato Grosso, responsável pela aquisição da droga dos fornecedores e pela sua introdução na Europa. Rowles Magalhães advogado, lobista, organizava, junto com Ricardo Agostinho, os voos internacionais do Brasil à Europa. Reside com sua atual companheira, Joelma Girotto, que serve de “laranja” na lavagem de capitais.
Ricardo Agostinho
Amigo e supostamente sócio de Rowles Magalhães em diversos negócios, desde o comércio de produtos da pandemia, à aquisição da empresa de jatos executivos portuguesa OMNI, organiza os voos.
Marcelo Mendonça de Lemos
Integrante do alto escalão do PCC Nelma Kodama doleira e mantinha um caso amoroso com o investigado Rowles Magalhães.
2º escalão – parte operacional e financeira
Marcos Paulo
Um dos proprietários da empresa Lopes & Ferreira Assessoria Ltda, que é a contratante do voo responsável pelo transporte de meia tonelada de cocaína apreendida em Salvador (BA).
Fernando Honorato
Diretor da empresa de aviação Fly Away e, valendo-se do cargo, forneceu acesso aos demais integrantes da organização criminosa para o carregamento de mais de 500 kg de cocaína.
Marcelo Lucena
Apontado como um doleiro a quem Rowles e Ricardo Agostinho recorreriam para as transações com o dinheiro proveniente do tráfico.
Edson Carvalho Sales dos Santos
Contador, auxiliava a movimentação financeira da organização criminosa. Levantou 145 mil euros para pagamento do voo que veio ao Brasil buscar drogas para ser encaminhada à Europa.
3º escalão – carregamento da droga
Mansur Mohamed Benbarka Heredia
Consultor aeronáutico e um dos passageiros da aeronave que veio de Portugal ao Brasil.
Lincon Felix dos Santos
Responsável por coordenar o trabalho de carregamento da aeronave.
Dilson Borges dos Santos
Contratado por Marcelo Lemos para o carregamento da droga e sua introdução na aeronave.
Cícero Guilherme Conceição Desidério
Contratado por Marcelo Lemos para o carregamento da droga e sua introdução na aeronave.
Richard Rodrigues Consentino
Mecânico de aeronaves, suspeito de ter auxiliado Mansur Mohamed a desmontar e esconder a droga na fuselagem do avião.
Outro lado
Advogado de Nilton Borgato, Luiz Alberto Derze, diz que o cliente nega com veemência as imputações que estão circulando na imprensa. Borgato está preso no Centro de Custódia de Cuiabá e a defesa prepara um Habeas Corpus. “Ele está à disposição da justiça e prestará todos os esclarecimentos necessários. A defesa técnica está tomando ciência do inquérito para adotar as providências jurídicas cabíveis”.

POLÍCIA
Golpista se passa por funcionário de banco e transfere R$ 52 mil de cliente

A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI), recuperou através de bloqueio bancário a quantia de R$ 47 mil subtraídos de uma vítima de estelionato praticado por meio eletrônico.
Na terça-feira (10.05), a vítima de 22 anos e moradora do município de Porto dos Gaúchos (663 km a médio norte de Cuiabá), registrou o boletim de ocorrência.
O comunicante informou que recebeu uma ligação de uma pessoa, a qual se identificou como sendo da Cooperativa Sicredi.
Na ligação o suspeito disse que haviam tentado acessar a conta bancária da vítima por um aparelho celular não cadastrado. Devido ao fato era necessário fazer uma atualização do cadastro de segurança.
A vítima acabou seguindo as orientações repassadas pelo golpista via telefone, e teve o acesso de sua conta bloqueada. Em seguida ela verificou que haviam realizados dois débitos de sua conta.
Uma das transferências foi no valor de R$ 49 mil, enviado para uma conta do mesmo banco. A segunda transferência no valor de R$ 3 mil, foi creditado em uma conta de outra instituição financeira.
A vítima retornou a ligação para o número do telefone, mas não conseguiu contato. Foi quando percebeu que havia caído em um golpe de estelionato.
A DRCI foi acionada para dar apoio nas diligências, e conseguiu recuperar quase o valor total subtraído da vítima através de bloqueio bancário.
As investigações continuam visando identificar e prender o autor do crime.